by Rafael Lopes e Julyana Travaglia
Suzuka, Japão: 30 de outubro de 1988. Há 20 anos, o mundo do automobilismo conhecia um novo campeão mundial de Fórmula 1. O brasileiro Ayrton Senna, então com 28 anos, tornava-se o terceiro piloto do país a conquistar um título na categoria. O triunfo veio após um duelo histórico com Alain Prost, seu companheiro de equipe na McLaren. Era a confirmação do talento de um gênio da velocidade.
A temporada de 1988 foi muito equilibrada, mas apenas entre os pilotos da McLaren. O MP4/4 seria eleito como um dos melhores carros da história da categoria e perdeu apenas uma corrida das 16 daquela temporada. Ayrton Senna venceu oito corridas naquele ano, enquanto Prost levou sete troféus para casa.
O único GP que terminou sem vitória da McLaren ficou com Gerhard Berger, na Itália. Na ocasião, Prost sofreu uma quebra e Senna errou ao tentar ultrapassar o retardatário Jean-Louis Schlesser, que substituía Nigel Mansell na Williams, que estava com caxumba.
Depois de alguns anos de amadurecimento na Lotus, Ayrton Senna estreava no GP do Brasil pela McLaren na temporada de 1988. Durante os testes de inverno, a equipe inglesa, chefiada por Ron Dennis, não tinha chamado a atenção do mundo da Fórmula 1. Mas logo nos primeiros treinos em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, o MP4/4 mostrava que seria um carro quase impossível de ser batido durante o ano.
Ayrton Senna conquistou a pole position em seu GP de estréia pela McLaren. Mas na hora da largada, teve problemas com seu carro e acabou interrompendo a corrida, que teria uma segunda largada. Antes dela, Senna trocou para o carro reserva, algo ilegal na categoria. Resultado: depois de largar dos boxes, o brasileiro reagiu, mas foi desclassificado quando estava na sexta posição. Alain Prost, seu companheiro de equipe, chegou em primeiro.
Após a frustração, Senna venceu o GP de San Marino com facilidade, com Prost em segundo. Na corrida seguinte, em Mônaco, o brasileiro também estava bem na frente, com quase um minuto de vantagem, quando cometeu um erro infantil e bateu na entrada do túnel. De tão irritado, Senna recolheu-se ao seu apartamento, a apenas duas quadras do local. Mais uma vitória de Prost.
Senna perdeu também a corrida seguinte, no México, mas começou a reagir no campeonato no GP do Canadá. O brasileiro lutou durante toda a corrida com Prost, mas conseguiu a ultrapassagem. O placar agora estava Prost 3 x 2 Senna em vitórias na temporada. Mas o brasileiro queria mais e conseguiu outro triunfo nas estreitas ruas de Detroit, no GP dos EUA.
A corrida seguinte seria na casa de Alain Prost. E o "professor" não perdoou, vencendo o GP da França depois de um belo drible em Ayrton Senna, que estava enrolado com alguns retardatários. Na corrida seguinte, com pista molhada, na Inglaterra, o brasileiro mostrou porque era o "Rei da Chuva". Senna deu show em um circuito conhecido como "Silvastone" em sua época de Fórmula 3 Inglesa. A condição do tempo se repetiu uma semana depois em Hockenheim, na Alemanha, e Senna venceu outra. Pela primeira vez o brasileiro estava à frente no placar de vitórias: 5 x 4.
Na Hungria, Senna começou a corrida brigando contra Nigel Mansell, mas acabou protagonizando um dos maiores duelos da história da categoria com Prost. O francês tentou a ultrapassagem na primeira curva, mas tomou o "xis" do brasileiro, que rumou para mais uma vitória. Na Bélgica, Senna conseguiu seu quarto triunfo consecutivo e começava a minar as chances de Prost no campeonato. Em vitórias: Senna 7 x 4 Prost.
Senna chegou ao GP da Itália como favorito. Prost teve problemas durante a prova, mas o brasileiro liderava com folga. Até que, em uma manobra afobada, tentou ultrapassar um retardatário na chicane após a largada e saiu da corrida. O outro piloto era Jean-Louis Schlesser, que substituía Mansell na Williams porque o inglês estava com caxumba. Dobradinha da Ferrari, com Berger em primeiro e Alboreto em segundo.
Nos dois GPs seguintes, em Portugal e na Espanha, Senna passou por um inferno astral. Além de Prost vencer ambos, o brasileiro chegou em sexto no circuito português e abandonou a prova diante da torcida espanhola. O francês reduziu a vantagem no campeonato, mas Senna só dependia de uma vitória em Suzuka, na corrida seguinte.
O GP do Japão começou de forma dramática para Senna. O carro do brasileiro apagou na largada, que por sorte acontecia em uma descida. O brasileiro conseguiu fazê-lo pegar no tranco, mas caiu para o fim do grid e numa recuperação espetacular se aproximou do líder Prost na 20ª volta. E, na 28ª passagem, o brasileiro superou o francês e sacramentou a conquista de seu primeiro título da Fórmula 1. Prost ainda venceria a última prova da temporada, na Austrália, mas ela já não valia mais nada.
Confira a classificação do Mundial de Pilotos de 1988:
1 - Ayrton Senna (BRA) – 90 pontos
2 - Alain Prost (FRA) – 87
3 - Gerhard Berger (AUT) – 41
4 - Thierry Boutsen (BEL) – 27
5 - Michele Alboreto (ITA) – 24
6 - Nelson Piquet (BRA) – 22
7 - Ivan Capelli (ITA) – 17
8 - Derek Warwick (ING) – 17
9 - Nigel Mansell (ING) – 12
10 - Alessandro Nanini (ITA) – 12
11 - Riccardo Patrese (ITA) – 8
12 - Eddie Cheever (EUA) – 6
13 - Maurício Gugelmin (BRA) – 5
14 - Jonathan Palmer (ING) – 5
15 - Andrea de Cesaris (ITA) – 3
16 - Satoru Nakajima (JAP) – 1
17 - Pierluigi Martini (ITA) – 1
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